(E)terno

(E)terno o momento

Em que a mão

Suavemente

Desliza sobre a pele em pelo

Desenhando a linha

Entre o desejo

E o restante do mundo

(E)terno o momento

Do sol nascente

Da luz filtrada pelas cortinas

Da brisa suave da manhã

De seu perfume

Magnético exalando



Pó da estrada

Sacudi as sandálias

Deixei o pó cair

Não olho para trás

Sinto o calor dos males

Passados nas costas.



Quando me sentei no muro

Pude observar o horizonte

Mais distante,

Olhei para o lado

... E me vi só.



Todas as escoriações não me doíam

Sequer encarava com maus presságios

O caminho tortuoso e árido

Que porventura me surgisse

Por detrás do muro.



Perdi a conta de quantos

Ficaram ao pé do muro,

Incapazes de escalar

Sem desejo daquele horizonte novo

Que a cada dia se mostrava.


28.09.09 Pepper!

Foto by Helen Weir