Meios

Não quero o álcool
Não quero o veneno
Os dois embriagam
e nos escravizam

Não quero a metade
Não quero o quase
Na Gaussiana,
prefiro os cinco-por-cento

O extremo desprezado
Mas extremo.

O médio, o mediano
Deixo à maioria.


Sem nome, sem tamanho

Já me disseram

e a vida me mostra

que a felicidade se ajusta

ao espaço exíguo

e ao curtíssimo tempo

mas as decepções

não se limitam

ao intervalo de tempo

ou ao espaço.

Desconfortável

Havia a mesa, as cadeiras.
E alguém quis sentar-se
E a mesa para um é simplória
E a mesa para dois é forçosa
E a mesa para mais não interessa

E toda a garrafa,
Para um é muito
Para dois talvez
Para mais, uma celebração.

E a palavra,
Para um é loucura
Para dois, desnecessária.
Para mais, exigência.

Mas a porta de saída é próxima
E o teclado mais ainda
E o off não carece de raciocínio
E não existe pesar virtual.
Ele só existe para o que é real.

E a mesa fica para um.
...Ou vazia.

Mas onde está Peter Pan???

“Meu” Peter Pan viajou todo o mundo, mas preferiu um cantinho de São Paulo para ter sua “Terra do Nunca”

Ele pode voar (o que faz com muita facilidade...) mas adora ter os pés no chão e sonhar comigo.

É capaz de criar um cenário maravilhoso e curmprir todos os rituais sem pesar, pois sabe que isso me faz feliz, me faz guardar o bilhetinho do buquê e o papel do bombom;

Ele fala muitas línguas, não obstante, nos entendemos em qualquer delas.

Aliás... ele entende até meu silêncio, e é capaz de, quando estou triste, ouvi-lo durante um abraço infinito até que o sol nasça;

Hoje, se quero colo, ele só tem duas ações: ordena Venha imediatamente para cá! ou pergunta A que horas seu vôo chega?

Ele conhece cada detalhe de minha mente, do meu corpo e do meu coração.Liga do bar, de sua mesa cheia de amigos e amigas, a qualquer hora, para dizer que está feliz: ouviu um punk rock britânico qualquer da década de 70/80 e lembrou-se de mim;

Apesar de viver num meio de celebridades, status e muito dinheiro, nunca se esquece daquele dia, em que eu o dirigi para a prova de improvisação do teatro...

Ele apresentou A Puta, de Drummond... ensaiado ao som de Party Girl...

Conhece muitas músicas, de seus tempos de vocalista e de seu grande conhecimento: dedica a cada um a sua música, não as repete a ninguém.

Como não posta os mesmos versos elogiosos a várias pessoas...

Quando resolvi mostrar a alguém meus poemas, enviei a um “poeta” e a “meu” Peter Pan: o “poeta” me respondeu “lindo”.

“Meu” Peter Pan enviou-me um e-mail com análises, críticas e sensações que fizeram enrubescer as morenas bochechas e, adicionalmente, a trilha sonora,

Conquistando seus dois desejos: publicar e musicar meus versos...

Conquistou, jamais me pediu qualquer coisa.

Ele conhece todo o meu mal e todo o meu bem, e os adora num alto de montanha, admirando um pôr-do-sol...

Pimentas para ele são tempero ou decoração, nada o amedronta.

Nos perdemos em discussões infinitas, sem jamais deixar de gostar, de respeitar...

Queria ter visitado o Louvre com ele, pois ambos amamos.

Quando dança qualquer ritmo comigo é um sonho, mas prefere me ver dançar e cintilar!

Seus recados nunca são apagados: todos que lá postam, ainda que não se conheçam, sabem o lugar que ocupam em seu coração e o peso de cada eu te amo que diz;

...Tamanha é sua transparência e sua dignidade....

E imaginar que eu me esqueci disso por um tempo, e quase caí!!!!

Mas “meu” Peter Pan me deu a mão, ele está sempre comigo.


Para iniciar...



Na sede de me encontrar, mergulhei em versos.
Quase amei, quase fui amada,
Acho que quase me encontrei.
Encontrei uma estagnação,
Que sobra quando até a tristeza já se foi.
Encontrei a neblina no escuro,
Que não se dissipa, mas anestesia,
Que não motiva, mas não amedronta.
Apenas preciso dar o próximo passo
E o outro
E o outro
E o outro...