À sua casa

Minhas memórias abrigam
o esgalhado caminho
para se chegar à sua casa.


Galhos secos, troncos
debruçados sobre a água.


Não vou só.
Equilibrando-se no caminho
de sombras
vem meu amigo:


Seus olhos luzem
Seus passos são certeiros
O corpo alvo e delineado
suaviza o olhar crítico
e a personalidade franca.


Caminho por entre os galhos.
Dirijo-me ao tronco
que é a entrada
mas não a vejo.



Caminho e chego ao quarto.
Suntuoso, quinquilharias,
tapete estampado
do século passado.


É grande tudo,
mas cabem no tronco sem porta.


O corredor de quartos
É vazio, escuro.
Suntuoso, quinquilharias.


O quarto está reservado
e nos espera.


A sala é grande
Moderna
Desabitada.


O quarto nos serve
ao amor
A sala sozinha
recebe sua dona:
Sorriso dona de casa
Anfitriã convenientemente satisfeita.


Saio para o mesmo galho
Do mesmo tronco
Sem porta
Sem escala para o
Tronco diminuto
Com a casa dentro


Fora é tão sombrio
Frio
Quanto dentro


Os braços brancos
Delineados
Fortes
Amparam



Tudo é silêncio, cumplicidade,
Sombrio
E necessita de equilíbrio
nos galhos.
Sem explicação para as dimensões.






2 comentários:

  1. Lindo!!!
    Poema sensual... sem o sentido vulgar da palavra... mas com elementos imagéticos ricos em suavidade e intimidade...
    Achei-o musical... sim, embora não tenha rimas, a sequência de ideias... a gradação...coube muito bem!!!
    Abraços!!!

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    1. Obrigada, Nadine!
      ... Não havia pensado na "musicalidade", mas é algo a se observar, com certeza ;)

      Abraços!!

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